No no dia 05 de agosto no município de Milagres-MA o Deputado Federal Domingos Dutra, chorou ao anunciar que vai deixar o PT, partido que criou junto com Lula. Domingos relembrou sua trajetória de lutas ao lado de
Manoel da Conceição, o parlamentar se emocionou por constatar que não pode
permanecer na legenda que já há algum tem apoiado o grupo Sarney.
“Eu estou saindo do PT daqui a dois meses. Me
emociono muito com isso porque vou romper uma história de 33 anos, mas não posso
ficar num partido dominado pelo Sarney. Por honestidade e identidade não posso
ficar no partido que ajudei a construir vendendo camiseta, vendendo feijoada e
andando a pé”, relembra.
Dutra também relatou a trajetória que trilhou ao
lado de Manoel da Conceição.
“A luta de Manoel da Conceição também não foi
diferente. O único dos três fundadores do PT vivo, perdeu uma perna quando
Sarney foi governador, foi exilado e com toda essa bagagem foi humilhado na
reunião do diretório nacional”, relembrou. E concluiu, “sairei do PT para
permanecer na luta por um Maranhão mais justo”.
“Com 57 anos de vida, vejo a necessidade de
recomeçar do zero. É muito doloroso, mas não tenho condições de permanecer num
partido que reza na cartilha do Sarney. Minha consciência não permite, já
alcancei o meu limite”, finalizou.
O deputado maranhense é um dos mais duros críticos da família Sarney e em seu discursos usa a linguagem popular, em um dos seus pronunciamentos na Câmara dos Deputados, há duas semanas, perguntou onde tinha sido investido mais de 6 bilhões que o Governo de Roseana Sarney recebeu? Dutra disse aos colegas parlamentares que no Maranhão o governo anunciou que investiu em saneamento básico e em kits sanitários: "No Maranhão, a maioria das pessoas são pobres e não tem banheiros...O maranhense tem é "sentina"... que é um buraco que ele faz no fundo do quintal para colocar seus dejetos, isso quando tem, pois a maioria faz suas necessidades é no mato com uma vara na mão para que o porco não venha fuçar suas fezes" disse o parlamentar. O Deputado Domingos Dutra já fez mil e umas para chamar a atenção do Brasil para os abusos cometidos pela família Sarney no Maranhão. Esta semana o parlamentar concedeu uma entrevista a revista VEJA. Depois do maranhense Marcus Vinicius, parece que o estado está na moda das páginas amarelas da revista mais famosa do país. O "Melhor Governo da Vida de Roseana" está passando por um inferno astral... Denúncias na mídia pipocam a todo momento e o "pupilo" candidato da menina de Sarney não agrada aos maranhenses e pesquisas mostram sua impopularidade. A imprensa maranhense, a exemplo do blog MARRAPA http://www.marrapa.com desce a lenha e a insatisfação toma as ruas da capital São Luis em passeatas de protesto contra o governo. Sarney pai tenta recuperar-se da picada do mosquito Aedes Aegipty e a "anarquia light" típica do brasileira toma as páginas da web em charges e cartuns sobre os sarne$$... O Maranhão há muito não era levado a sério mas ultimamente virou piada corrosiva para a "famiglia"... Abaixo mais uma dose da insatisfação dos maranhenses através da reportagem da VEJA com o deputado Domingos Dutra.
O deputado
federal Domingos Dutra (PT/MA), concedeu entrevista a revista semanal ‘Veja’
para falar da sua saída do Partido do Trabalhadores.
O
sonho acabou
Fundador
do PT e um dos mais simbólicos parlamentares do Congresso, o deputado Domingos
Dutra, do Maranhão, anuncia que vai deixar o partido.
Robson Bonin-VEJA
Desde que trocou o quilombo de Saco das Almas, onde nasceu, pelo Congresso Nacional, em Brasília, o deputado Domingos Dutra, do PT do Maranhão, alimentava um sonho: pôr um ponto-final na histórica supremacia da família Sarney, que há décadas comanda a política no estado. Dez anos atrás, quando finalmente seu partido chegou ao poder, o parlamentar passou a enfrentar o dilema da realidade. Fundador e militante histórico do PT. Dutra, graças à política de alianças firmadas pelo ex-presidente Lula, se viu transformado de adversário a parceiro formal do PMDB de Sarney. O deputado jamais aceitou essa condição. Os dois mandatos de Lula e os dois anos e meio de Dilma Rousseff, porém, não só consolidaram a aliança com Sarney como também subordinaram o PT maranhense ao comando e aos interesses dos peemedebistas. Na semana passada, a realidade finalmente se impôs em sua plenitude: Dutra jogou a toalha e resolveu anunciar sua desfiliação do PT. "É falta de honestidade política da minha parte ficar num partido dominado pelos Sarney", explica.
A decisão do deputado maranhense diz muito sobre o que era e o que se tornou o PT ao longo do seu
Desde que trocou o quilombo de Saco das Almas, onde nasceu, pelo Congresso Nacional, em Brasília, o deputado Domingos Dutra, do PT do Maranhão, alimentava um sonho: pôr um ponto-final na histórica supremacia da família Sarney, que há décadas comanda a política no estado. Dez anos atrás, quando finalmente seu partido chegou ao poder, o parlamentar passou a enfrentar o dilema da realidade. Fundador e militante histórico do PT. Dutra, graças à política de alianças firmadas pelo ex-presidente Lula, se viu transformado de adversário a parceiro formal do PMDB de Sarney. O deputado jamais aceitou essa condição. Os dois mandatos de Lula e os dois anos e meio de Dilma Rousseff, porém, não só consolidaram a aliança com Sarney como também subordinaram o PT maranhense ao comando e aos interesses dos peemedebistas. Na semana passada, a realidade finalmente se impôs em sua plenitude: Dutra jogou a toalha e resolveu anunciar sua desfiliação do PT. "É falta de honestidade política da minha parte ficar num partido dominado pelos Sarney", explica.
A decisão do deputado maranhense diz muito sobre o que era e o que se tornou o PT ao longo do seu
Amigo de Lula, com quem conviveu desde os primeiros dias de PT — ele guarda até hoje fotos antigas como a que ilustra esta página —. Dutra não perdoa ao ex-presidente por ter transformado o partido naquilo que o PT nasceu para combater. "O Lula e o Zé Dirceu cansaram de comer camarão seco e ovo com farinha lá no Maranhão comigo. Em 1994, ele fez a caravana da cidadania. Eu era presidente do PT no estado. Cortamos o Maranhão todo de ônibus de linha, dormindo em casa de militante. Eu vi o Lula esculhambar o Sarney em praça pública", indigna-se. "Ele teve a chance única de limpar esse mundo político, mas não quis. Os 300 picaretas que ele denunciou continuam no mesmo lugar no Congresso", completa.
É a lembrança dos tempos de dificuldade e de luta contra o sistema vigente que magoa o deputado. Filho de uma quebradeira de coco e um lavrador, Dutra não enriqueceu na política e jamais deixou o Maranhão. Por isso ressalta que é doloroso ver toda a soberba — os jantares, os vinhos caros, os restaurantes e o dinheiro abundante — dos companheiros de Brasília. "Continuo comendo camarão seco e ovo cozido com pinga até hoje. Eu não bebo uísque", diz. O maranhense é um dos poucos petistas que consideram justo o julgamento do mensalão. "É triste ver companheiros nossos condenados por corrupção, mas o PT se perdeu e foi engolido pelo sistema."
Inconformado com o distanciamento ideológico do partido de sua origem, e sem espaço no PT para lutar contra o domínio da família Sarney, Dutra passou a ajudar a construir a Rede Sustentabilidade, da ex-senadora e também ex-militante petista Marina Silva. Ele estuda se candidatar no próximo ano pela nova legenda.
O PT foi engolido pelo sistema
Por que o senhor vai sair do PT?Isso vem desde a minha greve de fome em 2010, quando o diretório nacional obrigou o PT do Maranhão a se coligar com os Sarney. No dia da intervenção, o Manuel da Conceição, um dos fundadores do PT, tentou falar três vezes na reunião, mas o José Genoino e o José Dirceu não deixaram. Ele veio ao plenário da Câmara e entrou em greve de fome comigo. Agora, já estamos chegando a 2014 e continua essa relação promíscua. Recentemente, um militante nosso usou dez segundos de uma inserção na TV para dizer que o Maranhão é atrasado. A fala saiu do ar porque o Sarney mandou o Rui Falcão tirar. Saio por coerência com aquilo que o PT se propôs, que foi emancipar os mais pobres.
Qual a razão para essa mudança de foco?Essa é uma conta que deve ser debitada ao presidente Lula. Não consigo entender a dívida que o governo e o PT têm com o senador José Sarney e sua família. 0 único estado que continua em situação de miséria e corrupção absoluta é o Maranhão. Se tem alguém que é responsável por isso, esse alguém é o Lula. Ele sustenta essa oligarquia.
O senhor disse que é militante e amigo pessoal de Lula desde a década de 80.O Lula teve a chance única de limpar esse mundo político, mas não quis. Os 300 picaretas que ele denunciou continuam no mesmo lugar no Congresso - e o pior é que muitos agora são nossos aliados. Achei muito simbólico o Sarney, que não larga quem está no poder, deixar a Dilma no dia da posse dela e ir levar o Lula a São Bernardo do Campo. Há uma intimidade muito grande entre os dois. Eu gostaria que o presidente Lula fosse um embaixador dos índios, dos negros, dos quilombolas, e não um intermediário de gente como Sarney e Eike Batista.
Como o senhor definiria hoje o Partido dos Trabalhadores?A história do PT sempre foi feita com a ideologia dos seus militantes. Em 1982, fui candidato a vereador em São Luís só para divulgar o PT. Na primeira campanha do Lula, todo mundo vendia camiseta, fazia bingo, pedia contribuição individual em festa para arrecadar dinheiro. Eu fiz muita feijoada e vendi muita rifa no Maranhão para construir o partido. O PT se perdeu. Foi engolido pelo sistema.
O senhor se refere ao mensalão?Embora tenha a clareza de que houve muitas mudanças positivas nestes dez anos, deu no que deu: o mensalão e toda essa gente condenada. Lamento muito o mensalão.
É uma tristeza ver companheiros da gente condenados por corrupção. Eles tiveram os melhores e mais caros advogados, ampla defesa, e foram condenados em um julgamento longo e transparente no Supremo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário