Várias administraçãoes públicas se passaram e a Vila Guilhermino Brito, um bolsão de pobresa em Paraibano, continua a mesma e seus moradores com a paciência de receber muitos políticos que só aparecem de 4 em 4 anos para repetir as mesmas promessas e repetirem os mesmos atos:"O abandono depois das eleições". O bairro mais pobre de Paraibano tem uma população de 500 habitantes (estimativa do blog)), muitos, aptos para votar. Mas o que deveria ser um ambiente de aplicação de políticas públicas e qualidade de vida é o contrário de tudo isso. Mesmo assim, o lugar novamente começa a ser visitado pelos candidatos a um cargo político nas próximas eleições. E acredite, muitos daqueles que já estiveram por alí, retornarão com os mesmos gestos e palavras, como só os políticos conseguem fazer. Ontem dia 05 de julho, o Paraibanomanews recebeu o convite da Prefeitura de Paraibano, para fazer reportagem sobre o serviço de limpeza, realizado pela Secretaria Municipal de Obras e Serviços Urbanos, o blog fez a matéria que se transformou em duas, postadas aquí. O jornalista Léo Lasan ouviu moradores e observou a precariedade com que vive a população do bairro mais ignorado do município.
A VILA DAS NECESSIDADES
D. Dilina com a conta de energia. |
"-A limpeza da Vila é boa, vai diminuir as muriçocas e os meninos podem correr sem medo de ser mordidos por bichos" disse uma moradora, observando o trabalho dos operários da prefeitura. Na Rua da Substação, na Vila Guilhermino Brito, D. Eduarda Matias (70) revelou ao Paraibanomanews que não existia rua alí, tinha apenas uma veredinha onde carro não entrava:"Sêu moço, aquí nunca veio nada...é só pobresa. Essa rua era tanto mato que dava medo de bicho...Nós é que roçávamos pra poder entrar em casa... no inverno carro não passava aqui não... quando nós adoecíamos era um problema...Com essa limpeza, as coisas ficam boas..." desabafa D. Eduarda. No momento da entrevista chega a casa, uma senhora com um balde de água sobre a cabeça e estranha o movimento. Feita às apresentações, D. Rita Diniz (48) contou que por hora a limpeza ia melhorar
a rua, mas não resolvia a situação dos moradores da vila, que sofrem com a falta de quase tudo: "Nosso maior problema é a falta de água, tem os canos mas a CAEMA só manda a conta" o mesmo problema foi relatado por Cícero Pereira da Silva (53): “Há cinco anos que só chega a conta”declarou Cícero, mostrando o talão de conta no valor de R$ 18.00. “As meninas carregam água do poço de seu Chico Damião lá embaixo” disse Cícero apontando o local há mais de 200 metros. “È um sofrimento...Para tomar banho e lavar roupa, é quase impossível, e vamos até outro poço lá perto das nascentes”. Além da situação da água, seu Cícero reclamou do preço da tarifa de energia
elétrica enviada pela CEMAR. “Entre aqui” pediu o proprietário. A reportagem observou que na casa existem 7 pessoas, incluindo uma senhora D. Dilina (98). O ambiente é de causar vergonha a qualquer político que se atreva a ir pedir voto para aquela família. A casa é feita de taipa, um quarto, camas e redes na única sala e para gastar energia, uma geladeira e um aparelho de televisão antigos. Total da energia no mês de julho:R$ 57,67. Na frente da casa, muitos tambores, onde uma adolescente cansada, despeja dois baldes de água, trazido na cabeça e outro balde pendurado nos frágeis braços. “Nós queríamos que pelo menos a água, os políticos resolvessem” pediu seu Cícero. A reportagem foi a procura do dono do poço, onde os moradores da Vila se abastecem. Encontrou o senhor Antonio Francisco Alves da Silva (83), o seu Chico Domingos, como é conhecido no local. Seu Chico, mostrou o poço artesiano, ainda sem benfeitoria, com uma roldana de quatro pontas onde os moradores puxam a água nos mais de 50 metros de profundidade. “O local é cheio todo o tempo” disse seu Chico “Desde 2007, que tem esse movimento... São mais de 100 pessoas todos os dias pegando água... Aqui todas as casas pegam água desse poço. Se não fosse esse poço, nem sei o que seria dos moradores” afirmou. No momento da entrevista a reportagem notou muitas pessoas tirando água do poço. Perguntado como se sentia em servir tanto a população da Vila, seu Chico, foi enfático: “Me sinto feliz, em poder ajudar...” um senhor que estava próximo criticou: “Isso é papel dos políticos, que nunca aparecem por aqui, a não ser, na época das políticas... Ontem mesmo tinha um aqui, que nem sei quem é”. Para o seu Chico Domingos o bairro cresceu e começa a ter problemas com o excesso de álcool entre os jovens, perguntado como andava a segurança, disse que a polícia anda de vez em quando. Quanto ao trabalho da prefeitura Chico Domingos destacou que é positivo e realmente estava precisando: “Só melhora, evita doenças... Limpeza é sempre bom” afirmou. Durante a realização de limpeza da vila, várias pessoas procuravam a reportagem para reclamar ou pedir ajuda, como o caso da senhora Valmilene Rodrigues da Silva (35), casada mãe de uma criança de 4 anos e uma casa de palha e barro, piso de chão batido e sem quase nenhum móvel. Valmilene, pediu que a reportagem ajudasse com o objetivo que seu nome fosse contemplado no Programa da Bolsa Família. “Há mais de 2 anos faço o cadastro, mas nunca consegui, dizem que é um tal de NIS... O problema é que to passando necessidade, meu filho também e a bolsa família ia me ajudar... Antes eu fazia carvão pra vender e cozinhar, mas os vizinhos reclamaram pras autoridades e tive que parar...hoje ta dificil de criar meu filho” desabafou Valdilene.”Eu queria que o senhor visse isso pra mim”. A reportagem explicou que o que podia fazer era levar a reclamação até a Secretaria Municipal da Assistência Social, responsável pelo cadastro no programa. Muitas pessoas em busca de ajuda e benfeitorias em suas casas. D. Rita Diniz relatou que a maior necessidade dos moradores da vila, são casas: “O que nós queremos é que chegue o projeto das casas, que foram prometidas nas eleições passadas... Se eles vierem com essa promessa de novo perdem os cinco votos aqui de casa” disse zangada a moradora. Perguntada se haviam voltado para justificar as promessas, Dona Rita respondeu desolada: “Nunca...Eles não aparecem aqui há 4 anos...O único que veio aqui foi o vereador Zé do Xavier, e foi pra deixar uns trabalhadores do Banana...Me prometeu um balde para eu carregar água e nunca mais eu vi, hoje carrego água nesse balde furado... O Neurivam é o que mais aparece e conversa com a gente...A Dona Aparecida apareceu uma vez dizendo que vinha só para fazer uma visita... E ninguém mais visitou a gente, quem sabe agora os outros aparecem, estamos esperando, tem um monte de coisas que eles precisam escutar.” concluiu Rita.
D. Rita Diniz, D. Eduarda (sentada) e moradora. |
PARAIBANOMANEWS
A situação da Vila Guilhermino Brito é caótica. 90% das casas são feitas de barro, palha e sem nenhum piso. Não existem pias, banheiros com fossas e os utencílios e móveis são raridades. Os compartimentos das casas são no máximo de sala, um quarto com uma cortina de pano como divisória, camas e muitas redes em salas e cozinha, muitas sem fogão a gás. Caixa d’água, existem, mas estão vazias, tambores de plásticos, baldes e pneus são reservatório de água transportada de poço. Não foi observado filtros nessas residências, muitas utilizam potes. Geladeiras e tvs, existem, mais bem usadas. Crianças, muitas crianças, simples e com vestimentas humildes, a maioria descalças e sem muita higiene, até mesmo devido o habitat. Muitos jovens e homens sem ocupações por falta de trabalho e a maioria das mulheres cuidando de casa. Muita pobreza. É nesse cenário que os políticos (muitos deles que já foram por lá, abraçaram, prometeram e não cumpriram) a partí de hoje 6 de julho, vão trilhar, com as suas “sensibilidades” e lábias. Como disse D. Rita Diniz, na reportagem: “Estamos esperando eles, tem um monte de coisas que eles precisam escutar”. Tomara que eles escutem D. Rita e resolvam. Pois não desejamos daqui a 4 anos, repetir essa mesma reportagem.
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