Nesta quarta-feira 5 de Junho comemora-se o Dia Mundial do Meio Ambiente. Para marcar a data o Paraibanomanews fez uma entrevista com Theresa Christina, umA ambientalista conhecida no Brasil por sua luta pela preservação do meio ambiente com foco para a água. A entrevista foi concedida no dia 24 de Maio durante etapa de preparação para a 4ª Conferência Estadual de Meio Ambiente realizada na cidade de Presidente Dutra, onde uma equipe de Paraibano participou. Veja abaixo a entrevista:
Paraibanomanews: A propósito de Recursos Hídricos, o Maranhão, é rico em água, mas existem problemas com o abastecimento em muitas cidades, como anda essa política no Estado? THERESA: Na verdade quando falamos de água e também de resíduos sólidos, passamos por um ponto central no qual a gente passa pela quebra de vários paradigmas e o maior deles é o de nos reunirmos, governo, sociedade, empresários, em prol de um objetivo maior que é alterar essa situação grave, das bacias hidrográficas...
Paraibanomanews: No Brasil existe a cultura de que a água é infinita e muito desperdício do produto, além disso os maiores usuários são as grandes indústrias, as quais não dão retorno adequado conforme o uso, como mudar essa situação do valor da água?
THERESA: Na verdade na legislação da política de recursos hídricos, ela cria a figura de instrumento de gestão de outorga, que já é uma realidade no Brasil, existem os Comitês de Bacias Hidrográficas a exemplo do Rio são Francisco, Rio Paraibuna do Sul, que já criaram em sua dinâmica de gestão a figura da cobrança e da outorga da água.
Paraibanomanews: Theresa o futuro da vida na terra depende da água potável, o Brasil é o maior detentor de água doce no planeta... A todo o momento ouvem-se declarações sobre a universalização da água, declarações desse tipo não seriam uma ameaça para a soberania do País? Como a senhora avalia essas declarações?
THERESA: Isso é verdade, é fato e nós precisamos avançar bastante, é um dever de casa que precisamos fazer com urgência... Sobre a questão de conflitos de água já existe e não precisamos ir longe, no Maranhão mesmo, em São Luis a capital, tem bairro que recebe água dia sim, dia não, isso gera desconforto por que na Legislação de Recursos Hídricos, água deve ser para todos e com qualidade.
Paraibanomanews: Essa é uma discussão no estado, a exemplo da CAEMA (Companhia de Saneamento Ambiental no Maranhão) que está sempre com problemas seja de abastecimento e principalmente de saneamento...
THERESA: No Maranhão a empresa responsável pelo abastecimento de água em boa parte dos municípios é a CAEMA que é uma das maiores usuárias... Porém a empresa não consegue cumprir com o seu papel e ela precisa resolver essa questão... Qual é o maior poluente das bacias hidrográficas? Os saneamentos que despejam a sujeira nos afluentes das bacias... Portanto não podemos falar em resíduos sólidos sem falar em saneamento que perpassa pelos recursos hídricos...
Paraibanomanews: Mas Theresa o Maranhão tem a maior dificuldade em criar os seus Comitês de Bacias... Existe uma falta de informação, recursos ou vontade dos políticos, a sociedade sem incentivos se torna fraca diante dessa inércia, como fazer para avançar e mudar esse cenário?
THERESA: Na verdade a gente tem acompanhado a implementação dessa política de recursos hídricos no Maranhão há dez anos, isso com muito carinho, por que nós entendemos que o Maranhão ainda engatinha na implementação da sua política de recursos hídricos, mas existe também um lado bom, por que existe um acumulado muito bom de experiências exitosas e outras menos exitosas, mas que ambas servem para que possamos nos colocar dentro desse cenário hídrico, se você pensar que no Brasil já existe em torno de duzentos comitês de bacias hidrográficas e o Maranhão não tem nenhum e que o comitê trata de algo que o mundo todo já entende e trabalha dentro de uma perspectiva da importância da água, então temos um dever de casa imenso e que é necessário um processo de articulação, informação que precisa circular no estado do Maranhão... É preciso todos sentar à mesa para tratar das discussões da água, na verdade isso é um desafio, por que é muito novo no Brasil e no estado do Maranhão mais novo ainda e é preciso muito esforço, informações de como tratar de uma das usa maiores riquezas que é a água, Estado esse que estar tratando mal as suas águas... É preciso quebrar paradigmas e avançar.
Paraibanomanews: Theresa faça uma avaliação sobre essa Conferência de Meio Ambiente, Política Nacional de Resíduos Sólidos, Planos Municipais de Resíduos Sólidos, o tempo para fim dos lixões e a implantação de aterros sanitários até 2014 em todos os municípios brasileiros, qual é a realidade desse panorama?
THERESA: Na verdade no Brasil poucos municípios conseguiram realizar os seus Palnos Municipais de Resíduos Sólidos, entendemos que esse espaço das conferências tem esse papel de fomentar e esclarecer essa discussão, se não houve ainda uma compreensão maior, vejo que a realização de conferências pode potencializar essa compreensão, por que vai tirar os municípios de uma relação maior com o governo federal se for pensar em termos de cooperação, de fomento, se você não tiver dentro desse arcabouço jurídico legal institucional, você não vai poder ter uma relação profícua em alguns setores como o governo federal e isso é muito importante.
Paraibanomanews: Para finalizar, suas considerações sobre a realização dessa Conferência aqui em Presidente Dutra.
THERESA: Nós temos aqui tentado avançar, dizemos nós enquanto sociedade civil por que na verdade o que a gente percebe? Existe toda uma força contrária que nos leva a não deixar o processo fluir, por que é muito novo, é quebra de paradigmas, é decisão de poder é muita divisão de poder e temos que entender que temos um Estado aonde existe na sociedade um ranço muito grande de um Estado oligárquico que não permite se dividir poder e ainda não se permite a todos de participarem das tomadas de decisões.
THEREZA CHRISTINA PEREIRA CASTRO é natural do Rio de Janeiro, engenheira civil, especialista em gestão de meio ambiente e recursos hídricos, mestrando em ciências sociais. Theresa Christina é vice-coordenadora nacional da FONASC-CBH (Fórum Nacional da Sociedade Civil na Gestão dos Comitês de Bacias Hidrográficas) e conselheira titular do Conselho Nacional de Recursos Hídricos onde representa segmentos da sociedade civil da Cooperativa de Técnicos em Proteção Ambiental do Parque do Mirador, além de outras representações. Theresa Christina é uma participante assídua de discussões e debates que norteiam as questões socioambientais em todo o País. Theresa esteve dia 24 de maio, em Presidente Dutra-MA, participando da quarta etapa preparatória para a 4ª Conferência Estadual de Meio Ambiente. Simpática e eloquente concedeu entrevista a esse Blog
Paraibanomanews. A ambientalista falou dos problemas mais críticos e chamou a atenção para a situação da água no estado do Maranhão.
Theresa concedendo entrevista a Léo Lasan |
Paraibanomanews: Theresa, essa Conferência de Meio Ambiente tem como foco os resíduos sólidos, qual a contribuição que o FONASC pode acrescentar nesse evento?
THERESA: O Fonasc é membro da Comissão de Organização das Conferências Estaduais e estamos aqui em Presidente Dutra, por que na verdade não podemos pensar em tratar de resíduos sólidos se não falarmos em recursos hídricos, água... Então é uma interface muito grande da qual a FONSC tem missão de acompanhar, que é a política de recursos hídricos...Paraibanomanews: A propósito de Recursos Hídricos, o Maranhão, é rico em água, mas existem problemas com o abastecimento em muitas cidades, como anda essa política no Estado? THERESA: Na verdade quando falamos de água e também de resíduos sólidos, passamos por um ponto central no qual a gente passa pela quebra de vários paradigmas e o maior deles é o de nos reunirmos, governo, sociedade, empresários, em prol de um objetivo maior que é alterar essa situação grave, das bacias hidrográficas...
Paraibanomanews: No Brasil existe a cultura de que a água é infinita e muito desperdício do produto, além disso os maiores usuários são as grandes indústrias, as quais não dão retorno adequado conforme o uso, como mudar essa situação do valor da água?
THERESA: Na verdade na legislação da política de recursos hídricos, ela cria a figura de instrumento de gestão de outorga, que já é uma realidade no Brasil, existem os Comitês de Bacias Hidrográficas a exemplo do Rio são Francisco, Rio Paraibuna do Sul, que já criaram em sua dinâmica de gestão a figura da cobrança e da outorga da água.
Paraibanomanews: Theresa o futuro da vida na terra depende da água potável, o Brasil é o maior detentor de água doce no planeta... A todo o momento ouvem-se declarações sobre a universalização da água, declarações desse tipo não seriam uma ameaça para a soberania do País? Como a senhora avalia essas declarações?
THERESA: Isso é verdade, é fato e nós precisamos avançar bastante, é um dever de casa que precisamos fazer com urgência... Sobre a questão de conflitos de água já existe e não precisamos ir longe, no Maranhão mesmo, em São Luis a capital, tem bairro que recebe água dia sim, dia não, isso gera desconforto por que na Legislação de Recursos Hídricos, água deve ser para todos e com qualidade.
Paraibanomanews: Essa é uma discussão no estado, a exemplo da CAEMA (Companhia de Saneamento Ambiental no Maranhão) que está sempre com problemas seja de abastecimento e principalmente de saneamento...
THERESA: No Maranhão a empresa responsável pelo abastecimento de água em boa parte dos municípios é a CAEMA que é uma das maiores usuárias... Porém a empresa não consegue cumprir com o seu papel e ela precisa resolver essa questão... Qual é o maior poluente das bacias hidrográficas? Os saneamentos que despejam a sujeira nos afluentes das bacias... Portanto não podemos falar em resíduos sólidos sem falar em saneamento que perpassa pelos recursos hídricos...
Paraibanomanews: Mas Theresa o Maranhão tem a maior dificuldade em criar os seus Comitês de Bacias... Existe uma falta de informação, recursos ou vontade dos políticos, a sociedade sem incentivos se torna fraca diante dessa inércia, como fazer para avançar e mudar esse cenário?
THERESA: Na verdade a gente tem acompanhado a implementação dessa política de recursos hídricos no Maranhão há dez anos, isso com muito carinho, por que nós entendemos que o Maranhão ainda engatinha na implementação da sua política de recursos hídricos, mas existe também um lado bom, por que existe um acumulado muito bom de experiências exitosas e outras menos exitosas, mas que ambas servem para que possamos nos colocar dentro desse cenário hídrico, se você pensar que no Brasil já existe em torno de duzentos comitês de bacias hidrográficas e o Maranhão não tem nenhum e que o comitê trata de algo que o mundo todo já entende e trabalha dentro de uma perspectiva da importância da água, então temos um dever de casa imenso e que é necessário um processo de articulação, informação que precisa circular no estado do Maranhão... É preciso todos sentar à mesa para tratar das discussões da água, na verdade isso é um desafio, por que é muito novo no Brasil e no estado do Maranhão mais novo ainda e é preciso muito esforço, informações de como tratar de uma das usa maiores riquezas que é a água, Estado esse que estar tratando mal as suas águas... É preciso quebrar paradigmas e avançar.
Paraibanomanews: Theresa faça uma avaliação sobre essa Conferência de Meio Ambiente, Política Nacional de Resíduos Sólidos, Planos Municipais de Resíduos Sólidos, o tempo para fim dos lixões e a implantação de aterros sanitários até 2014 em todos os municípios brasileiros, qual é a realidade desse panorama?
THERESA: Na verdade no Brasil poucos municípios conseguiram realizar os seus Palnos Municipais de Resíduos Sólidos, entendemos que esse espaço das conferências tem esse papel de fomentar e esclarecer essa discussão, se não houve ainda uma compreensão maior, vejo que a realização de conferências pode potencializar essa compreensão, por que vai tirar os municípios de uma relação maior com o governo federal se for pensar em termos de cooperação, de fomento, se você não tiver dentro desse arcabouço jurídico legal institucional, você não vai poder ter uma relação profícua em alguns setores como o governo federal e isso é muito importante.
Bidú Secretária de Meio Ambiente de São João dos Patos e Theresa Christina Foto:Lasan |
Paraibanomanews: Para finalizar, suas considerações sobre a realização dessa Conferência aqui em Presidente Dutra.
THERESA: Nós temos aqui tentado avançar, dizemos nós enquanto sociedade civil por que na verdade o que a gente percebe? Existe toda uma força contrária que nos leva a não deixar o processo fluir, por que é muito novo, é quebra de paradigmas, é decisão de poder é muita divisão de poder e temos que entender que temos um Estado aonde existe na sociedade um ranço muito grande de um Estado oligárquico que não permite se dividir poder e ainda não se permite a todos de participarem das tomadas de decisões.
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