segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

AINDA HÁ ESPERANÇA ÉTICA NA POLÍTICA.

Patrus Ananias, do ministério para o cartão de ponto categoria Política Nacional
Fonte: O Globo
Belo Horizonte – Ao atender o telefone na manhã da última terça-feira, o técnico de pesquisa da Assembleia Legislativa de Minas Patrus Ananias achou graça no diálogo que travou com o interlocutor.
- Eu queria falar com o Patrus.
- Pois não, é ele.
- Não, o Patrus Ananias, ministro.
Ex-ministro Patrus Ananias dá exemplo ao voltar a trabalhar na Assembleia mineira
- Mas é ele mesmo quem está falando! – respondeu o ex-ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, dando risada por causa da incredulidade do interlocutor, que esperava passar por pelo menos um assessor ou secretária antes de falar com ele.
Depois de seis anos à frente do ministério que respondeu pelo principal programa social do governo Lula, Patrus Ananias, 59 anos, está ainda mais acessível. Voltou ao cargo de onde estava licenciado desde o início da vida política, quando se candidatou e venceu a disputa pela Prefeitura de Belo Horizonte, em 92.
Desde dezembro, ele ocupa uma sala da Escola do Legislativo da Assembleia de Minas, onde bate o ponto como técnico de pesquisa da Casa. Aguarda com ansiedade a publicação, nos próximos dias, de seu primeiro trabalho da retomada – um artigo sobre a ética, que será publicado nos Cadernos do Legislativo – e se prepara para voltar às salas de aula da PUC-Minas, onde lecionará introdução ao Direito para jovens recém-ingressados na faculdade.
‘O poder e o dinheiro não me compram’
A quem estranha o fato de voltar às origens depois de ter ocupado cargos importantes e administrado um orçamento de quase R$ 40 bilhões do governo federal, o ex-ministro Patrus Ananias se diz inspirado na obra de João do Rio e evoca o apreço pela dimensão das ruas, que classifica como “muito rica e bonita” e da qual diz ter sentido muita falta:
- Pode parecer uma certa arrogância, mas posso dizer a esta altura da minha vida, com muita humildade, que o poder e o dinheiro não me compram.
Sem gravata ou paletó, Patrus chega à repartição com a pasta de couro preta debaixo do braço. Cumprimenta todos que aparecem no caminho. Sabe de cor a história do local de trabalho, onde ingressou por concurso público em 1982, como participante da primeira equipe multidisciplinar convocada para trabalhar no local. Por ter se licenciado por tanto tempo, não obteve promoção e, hoje, está submetido hierarquicamente a pessoas que entraram depois dele.
Ele queria se sentar ao lado de outros técnicos em pesquisa, mas a gerente- geral da escola, Ruth Schimitz de Castro, determinou a desativação de uma antiga sala de reuniões para ele ocupá-la. Antes de aceitar o pedido do GLOBO de acompanhar um dia de seu trabalho, o político pediu ao repórter que solicitasse autorização à Presidência da Assembleia Legislativa. O presidente interino, deputado Doutor Viana (DEM), achou graça.
LEMBRANÇAS
Tive a honra de conhecer pessoalmente Patrus Ananias, ainda  quando ele era prefeito de Belo Horizonte (1993/1996) em uma inauguração do Parque Ecológico do Bairro Caiçara em BH. Na ocasião eu trabalhava em um jornal local e fui escalado para entrevistá-lo. Me impressionou a humildade de Patrus, pela simplicidade no trato com as pessoas. Simpático e muito educado, atendeu e posou para fotos com as pessoas. Caminhou com todos pelas instalações do parque ecológico e depois fui convidado para conhecer a prefeitura. Me surpreendeu depois o seu contato pedindo a reportagem do jornal. Dias depois Patrus  a sua administração foi premiada pela Organização das Nações Unidas como modelo de gestão pública deixando a prefeitura com 85% de aprovação popular. Pouquíssimas pessoas sabem, mais o Bolsa Família, foi cópia de um projeto de Patrus implantado na prefeitura de BH. Religioso, Patrus, é discreto e age mineiramente. Um bom exemplo foi a sua postura no governo do presidente Lula. Mesmo sendo ministro da pasta que mais ajudou os pobres, Patrus não aproveitava os holofotes da fama. Ao contrário dele, Dilma (também mineira) não perdeu tempo.

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